Aos 37 anos, a empreendedora Malu Rosado tomou uma decisão que mudaria sua vida: sair do Brasil para estudar inglês na Irlanda. O que inicialmente era um período sabático de um ano acabou se transformando em uma trajetória empreendedora, culminando na fundação da CI Irlanda, empresa especializada em intercâmbio para brasileiros. Hoje, Malu compartilha sua experiência e inspira outros brasileiros a realizarem o sonho de estudar e trabalhar no exterior.
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Do Brasil à Irlanda: o que motivou a mudança?
Antes de se mudar para a Irlanda, Malu já possuía uma carreira consolidada no Brasil. Empresária e profissional de multinacionais, ela viu sua trajetória mudar após um momento difícil: a perda do pai.
“Quando eu retornei ao mercado de trabalho, todas as vagas para meu nível exigiam inglês fluente. Eu já tentava aprender há anos, mas nunca tinha avançado muito. Foi quando meu cunhado sugeriu: ‘por que você não faz um intercâmbio?’ Na época, achei um absurdo. Eu tinha 37 anos, achava que intercâmbio era coisa para adolescentes. Mas depois pensei: por que não?”, conta Malu.
Em três meses, ela organizou tudo e embarcou para Dublin. A Irlanda foi sua escolha por permitir que estudantes estrangeiros trabalhem enquanto estudam, facilitando a adaptação financeira no país.
Os desafios de começar do zero em outro país
Ao chegar, Malu focou totalmente no aprendizado da língua. Para acelerar o processo, além de estudar, trabalhou voluntariamente em uma ONG irlandesa e vendia brigadeiros na escola para ter uma renda extra.
“Eu fazia de tudo para aprender inglês mais rápido. De manhã, ia para a escola. À tarde, trabalhava como voluntária. À noite, fazia brigadeiro para vender no dia seguinte. Meu inglês era muito básico, mas estar rodeada de irlandeses me forçava a aprender. Eu sempre digo: ‘tá com medo? Vai com medo mesmo’. Foi isso que me fez evoluir rapidamente”, lembra.
Além do idioma, Malu percebeu que a diferença cultural era um dos maiores desafios para um imigrante.
“No Brasil, temos o costume de tratar o cliente como um ‘rei’. Aqui na Irlanda, é uma relação de igual para igual. O cliente não tem sempre razão. Lembro que um gerente gritou na loja onde eu trabalhava: ‘vamos fechar!’. Achei rude. Quando questionei, ele disse: ‘você acha justo os funcionários ficarem até mais tarde só porque o cliente não se organizou?’. Foi um choque de realidade”, compartilha.
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De intercambista a empreendedora: a fundação da CI Irlanda
Apesar dos desafios iniciais, Malu viu uma oportunidade de negócio quando percebeu que não havia uma filial da CI Intercâmbios na Irlanda.
“Eu comprei meu intercâmbio com a CI no Brasil e perguntei para minha consultora: ‘vocês têm CI na Irlanda?’. Ela disse que não. Eu respondi: ‘Então vou abrir uma lá’. No começo, ela deve ter achado que eu era louca. Mas essa ideia nunca saiu da minha cabeça”, diz.
Determinada, ela procurou os sócios da CI no Brasil e apresentou um plano de negócios mostrando o potencial da Irlanda como destino de intercâmbio.
“Eles me disseram que o país representava uma fatia pequena das vendas. Eu argumentei: ‘por isso mesmo precisamos ampliar’. Depois de muitas reuniões, conseguimos fechar a parceria e trazer a CI para a Irlanda.”
Abrir um negócio em um país estrangeiro trouxe novos desafios. Um deles foi a dificuldade para abrir uma conta bancária.
“Fui recusada em oito bancos. No nono, finalmente consegui. No Brasil, somos muito comerciais, queremos expandir, vender. Aqui, os processos são mais lentos, menos flexíveis. Mas quando você não tem opção, você cria uma. E foi o que eu fiz”, relata Malu.
O mercado de intercâmbio na Irlanda e a evolução da CI Irlanda
Desde sua chegada, Malu viu o mercado de intercâmbio na Irlanda crescer. Hoje, o país é um dos destinos mais procurados por brasileiros, especialmente pelo fato de permitir que estudantes estrangeiros trabalhem enquanto estudam.
A CI Irlanda atende um público variado, de jovens a profissionais experientes que querem aperfeiçoar o inglês ou fazer uma especialização. Segundo Malu, a valorização da mão de obra brasileira no país também é um grande atrativo.
“O Brasil foi a segunda nacionalidade com mais concessões de work permit (permissão de trabalho) na Irlanda no último ano, perdendo apenas para a Índia. Isso mostra como o brasileiro é visto como um profissional qualificado e valorizado aqui.”
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Lições de uma empreendedora brasileira no exterior
Ao refletir sobre sua trajetória, Malu deixa um conselho para brasileiros que sonham em empreender fora do país:
“Não duvide da sua capacidade. Somos muito batalhadores. No Brasil, muitas vezes, não conseguimos mostrar todo o nosso potencial dentro de uma empresa. Empreender fora é um desafio, mas também uma grande oportunidade. Se eu tivesse que fazer tudo de novo, faria sem hesitar.”
Hoje, além de liderar a CI Irlanda, Malu compartilha conteúdos sobre sua experiência nas redes sociais, ajudando outros brasileiros a conquistar seus sonhos no exterior.
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